quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Autonomia como Finalidade da Educação: Implicações da Teoria de Piaget (Constance Kamii)

            Piaget em “O julgamento Moral da Criança”,, publicado em 1932, discorreu sobre a importância da moralidade autônoma. Autonomia significa ser governado por si próprio. E o contrário de heteronomia, que significa ser governado por outrem.
Piaget em suas pesquisas, perguntava as crianças de 6 a 14 anos se era pior dizer mentira a um adulto ou a outra criança. As crianças pequenas sistematicamente afirmavam que era pior dizer mentira a um adulto.
Para as pessoas autônomas, as mentiras são ruins, independente do fato das pessoas serem descobertas ou não.
Em condições ideais a criança torna-se progressivamente mais autônoma à medida que cresce e, ao tornar-se mais autônoma, torna-se menos heterônoma. Ou seja, na medida em que a criança torna-se apta a governar-se, ela e menos governada por outras pessoas.
A criança que percebe que o adulto não pode acreditar nela, pode ser motivada a pensar sobre o que dever fazer para ser acreditada. A criaa educada com muitas oportunidades semelhantes a esta pode eventualmente, construir para si própria a convicção de que e melhor para todos serem honestos com os outros.
A punição acarreta três tipos de consequências. A mais comum e o calculo de riscos. A criança que for punida repetira o mesmo ato, mas, na pr6xima vez, tentara evitar ser descoberta. Os próprios adultos dizem às vezes: -'Não me deixe apanhar você fazendo isso outra vez!
A segunda conseqüência possível da punição e a conformidade cega.
Quando se tornam completamente conformistas, as crianças não precisam mais tomar decisões, tudo o que devem fazer e obedecer.
A terceira conseqüência possível e a revolta. Algumas crianças comportam-se muito bem durante anos, mas decidem num determinado momento, que estão cansadas de satisfazer a seus pais e professores todo o tempo e que chegou a hora de começar a viver por si próprios.
Assim a puniçã0o reforça a heteronomia das crianças e impede que elas desenvolvam sua autonomia.
Os adultos exercem poder sobre as crianças usando recompensas e castigos, e são precisamente essas sanções que mantém as crianças obedientes e hetenomas.
Se quisermos que as crianças desenvolvam a autonomia moral, devemos reduzir nosso poder adulto, abstendo-nos de usar recompensas e castigos e encorajando-as a construir por si, mesmas seus próprios valores morais.
A essência da autonomia e que as crianças tornem-se aptas a tomar decisões por si mesmas. Mas autonomia não e a mesma coisa que a liberdade completa. A autonomia significa levar em consideração os fatores relevantes para decidir agir da melhor forma para todos. Não pode haver moralidade quando se considera apenas o próprio ponto de vista.
            Sempre que possível, deve-se dar a criança a possibilidade de decidir quando ela poderá se comportar bastante bem para voltar ao grupo.
            Quando as crianças não têm medo de ser punidas, elas se manifestam espontaneamente e fazem a reparação.
            Na visão tradicional, acredita-se que a criança adquira os valores morais internalizando-os a partir do meio ambiente.
            De acordo com Piaget, as crianças adquirem valores morais não por interior, em vez de internalizá-Io ou absorve-Ios de fora, mas por construí-Ios interiormente, através da interação com o meio ambiente. No âmbito intelectual, autonomia também significa autogoverno assim como heteronomia e ser governado por outrem.
            Em contra partida, uma pessoa heterônoma, acredita sem questionamentos em tudo que Ihe dizem, inclusive em conclusões ilógicas, em slogans e em propaganda.
            De acordo com Piaget, a criança adquire o conhecimento ao construí-Ios a partir de seu interior, em vez de internalizá-lo diretamente de seu meio ambiente.
            Um modo mais precise discutir o construtivismo e o de dizer que as crianças constroem o conhecimento criando e coordenando relações. Infelizmente, na escola, os estudantes são levados a recitar respostas "certas", e raramente são perguntados sobre o que pensam sinceramente.
            Hoje em dia, os educadores da educação pré - primaria frequentemente definem seus objetivos dizendo que as criaas devem aprender os chamados "conceitos", tais como os de números, letras, cores, formas geométricas, em cima, embaixo, entre, da esquerda para a direita, comprido, mais comprido, o mais comprido, primeiro, segundo e terceiro, etc.
            A habilidade de ler e escrever, fazer aritmética, ler mapas e tabelas e situar eventos históricos são exemplos do que aprendemos na escola e que foi útil a nossa adaptação ao meio ambiente. Se a autonomia e a finalidade da educação precisam ser feitas tentativas no sentido de aumentar a área de sopreposição entre os dois círculos.
            Em conclusão, a teoria de Piaget não implica apenas a invenção de um outro método para atingir as mesmas metas tradicionais. A autonomia como finalidade da educação implica uma nova conceituação de objetivos.
            A educação e uma profissão subdesenvolvida que agora esta em um nível semelhante ao estagio pre-copernicano na astronomia. Assim como os astrônomos, anteriores a Copérnico, fizeram muitas correções pequenas para predições especificas sobre a posição dos planetas e que não funcionaram, os educadores estão tentando resolver uma variedade de problemas como os baixos resultados em testes, a apatia, a vadiagem, os problemas com drogas e o vandalismo como se estes fossem problemas separados. A teoria da autonomia de Piaget sugere a necessidade de uma revolução copernicana na educação.
      A autonomia como finalidade de educação e, num certo sentido, uma nova idéia que revolucionara a educação.
            Em outro sentido, contudo, pode ser vista como um retorno a antigos valores e relações humanas.

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