quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Educar para o comportamento Ético - Jorge Thums

O tema ética vem sendo constantemente apresentado sob óticas diferentes, demonstrando a sua importância para o período histórico em que vivemos.
            O mundo das informações, dos meios de Comunicação de Massa (MCM) descortinaram personagens e mitos, apresentando questões antes nunca conhecidas, vistas, observadas.

1.1  Verdades e Mentiras

O ser humano vive em constantes atritos e desentendimentos de toda a ordem. Em quase todos os momentos da vida, a mentira não é boa. Porem, em certas circunstâncias, ela não é má. Certamente. O limite entre o certo e o errado, entre o bem e o mal envolve realidades bem maiores do que um mero juízo moral de forma a priori.
            A vida humana, com certeza, é resultado dos sentidos impressos nela, ou seja, é fruto daquilo que desejamos daquilo que tornamos imprescindível para viver. É verdade, também, que, em muitas circunstâncias, temos reais dúvidas sobre nossos reais desejos.
            É verdade que cada um de nós pode inventar ou escolher como decide viver, a forma de viver e esta decisão implicam a liberdade de viver. Quando nascemos, a ficamos rodeados de pessoas que tentarão, de todas as formas, inculcar-nos certos padrões, certos conceitos (e conceitos certos), determinadas fidelidades e não outras, determinados desejos, atrações, verdades, mentiras e toda a forma de dissipação dos valores da cultura. Isto tem um peso enorme nosso modo de viver, tornando-nos bastante previsíveis.
            Neste sentido a educação em geral e a educação para o comportamento ético são previsíveis, são comportamentos esperados. Os comportamentos não esperados ou desejados são aqueles que nos afrontam nos inquietam e desafiam o viver social, comunitário.
            A vida humana se constitui de múltiplos processos, porem o de aprendizagem é o mais importante.

1.2       A ética e a educação

            A educação, objetivo de tantas críticas (algumas com sentido e com importância e outras sem sentido e sem importância) deve possuir um conteúdo, uma substância (como deve ser apresentada e dominada, usada ou transmitida, envolve três dimensões fundamentais: a preocupação com o domínio da verdade (e seu avesso: a mentira, o falso), com o domínio do Belo (e sua ausência: a feiúra) e com o domínio da moralidade (bem, mal) GARDNER (1999, p. 114-15).
            O domínio do verdadeiro, do belo e do bom é a essência de uma educação que deveria ocorrer para todos os seres humanos. Talvez, assim, humanidade entre os homens seria bem maior, com menos evidencias de comportamentos bestiais.
      O papel social da família, dos educadores (com sua formação ética e moral, com suas atitudes frente à vida, ao mundo, à comunidade), dos MCM e das próprias instituições deve envolver os princípios da verdade, da bondade e da beleza.
            GARDNER (1999, p. 46-67) apresenta seis forças que irão recriar os processos de educação e formação nas escolas no próximo século:
·         Os avanços tecnológicos e científicos;
·         As novas tendências políticas;
·         As forças econômicas;
·         As tendências sociais, culturais e pessoais;
·         A cambiante cartografia do conhecimento e
·         Para alem da pós-modernidade – um “porre” pós-moderno.

Essa análise nos remete para uma educação em que o professor, como sempre, em toda a história da educação, será o grande responsável pela educação das gerações mais novas, algumas evidências nos remetem a múltiplos processos de reflexão:
·         Uma educação baseada no computador (ampliando processos de individualização, de realidades virtuais e mudanças rápida em suas carreiras necessitando de constantes adaptações);
·         O fim do sistema comunista e socialista com seus respectivos preços, voltados unicamente para uma educação da democracia, do meio ambiente, da cidadania;
·         O processo de globalização é inevitável e apresenta múltiplas ramificações;
·         Os MCM acabam, mesmo involuntariamente, tornando-se agências da educação mundial. É preciso resgatar o compromisso da informação;
·         É preciso aprender a vida toda, melhorar o conhecimento, as aptidões, as virtudes e os desejos.
·         A propagação do verdadeiro conhecimento, do que se conhece, do que se pensa e do que se vive para formar uma comunidade humana de entendimento.

Sobreviverão os mais preparados, os mais adequados e contextualizados na realidade da vida e do mundo.
A ética na educação necessita ser resgatada em todos os sentidos já que é efetivamente a reflexão sobre porque consideramos as normas e comportamentos válidos em nossa cultura e, ao mesmo tempo compará-las com outras éticas de outras pessoas.
Ética e educação envolvem necessariamente o respeito pela condição humana, existencial do outro, apesar das diferenças. Uma comunidade humana é aquela onde o respeito, a admiração e o compromisso com o outro são a essência do viver.

1.3       Ética e liberdade

            Não somos livres para escolher o que nos acontece, mas livres para responder ao que nos acontece de um ou do outro.
            Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade (consiste em escolher dentro do possível) não é o mesmo que onipotência... por isso, quanto maior for nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter de nossa liberdade (SAVATER, 1999, p.28-29).
            Liberdade é decidir. Decidir em razão oposta ao sentimento de deixar-nos levar.
            O que é moral? É o conjunto de comportamentos e normas que são aceitos como válidos por mim e por algumas pessoas que nos cercam e cujos comportamentos consideramos certos.
            O que é ética? É a reflexão sobre os motivos pelos quais consideramos aqueles comportamentos e a sua correspondente comparação com outras posturas morais de outras pessoas.
            As pessoas na sua ausência são humanidade, bondade, amor, paixão, loucura, ódio, raiva, rancor, mas não são objetos. As coisas, podemos conhecer mais facilmente porque não são nada além daquilo que se apresentam. Como não somos simples coisas, necessitamos de coisas que as coisas não têm (SAVATER, 1998, p.88).

1.4        Humanos ou imbecis?

O ser humano é uma confirmação constante! Ser natural e ser verdadeiro consiste num fazer-se permanentemente. Temos a obrigação de fugir da imbecilidade. Ser imbecil nos caracteriza como dependentes, como miseráveis. Assim Savater (1999 p. 97-98) descreve cinco tipos de imbecis:
·         O que acredita que não quer nada;
·         O que acredita que quer tudo;
·         O que não sabe o que quer e nem se dá ao trabalho de averiguar;
·         O que não sabe que quer e sabe o que quer e, mais ou menos, sabe por que quer, mas que frouxamente, com medo ou com pouca força;
·         O que quer com força e ferocidade, de maneira bárbara, mas enganou-se sobre o que é a realidade.

1.5       O que é ser responsável?

            Ser responsável é sempre estar disposto a assumir um ato praticado (de preferência conscientemente) e dizer: fui eu!
      A liberdade é uma ação cooperada em que o sujeito vislumbra sua condição interna e externa da existência real.
      Materializamos a nossa condição humana no momento em que não somos capazes de repartir nossa forma de viver com os outros. Nossa condição humana não é exclusivamente boa, mas também não é má. Queremos sempre o bom, o que é belo e o que é verdadeiro, mas, às vezes, creio que não sabemos o que queremos!

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