quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Conclusão do livro Práticas Pedagógicas na Educação Especial

             A nossa sociedade tem um grande defeito: a falta de credibilidade em seus semelhantes. Infelizmente vivemos em uma sociedade injusta e incapaz de aceitar as diferenças como semelhanças.
            No livro Práticas Pedagógicas na Educação Especial, podemos ter uma noção de que cada pessoa se expressa, trabalha de formas diferentes. As pessoas portadoras de alguma deficiência, são assim como nós, capazes de exercer funções como qualquer pessoa “normal”, é claro dentro de suas particularidades, pois suas possibilidades são imagináveis.
            O livro conta a historia da jovem Bianca, que é acompanhada dos 17 aos 20 anos de idade, conta suas angustias, suas habilidades, suas vitórias e principalmente suas transformações, uma jovem não muito diferente das várias que já ouvimos falar, ou das muitos que já conhecemos.
            Nos perguntamos: é possível transformar a sociedade? É possível lançarmos outro olhos aos diferentes? São perguntas que deviríamos nos fazer todos os dias, são perguntas que a sociedade deveria se fazer todos os dias. O que seria normal? A palavra “normal” é dada as pessoas que não possuem nenhum tipo de deficiência, mas acredito que a palavra leva-nos a pensar de outra forma, leva-nos a pensar na incapacidade dos deficientes.
            Acredito que a educação inclusiva deve incluir e não excluir as pessoas como atualmente vem acontecendo, não basta simplesmente colocar a criança na escola, temos que preparar nossos professores, adaptar as escolas e trabalhar com os educandos que as diferenças nos levam a grandes semelhanças. É dever de cada um a sensibilização e consciência de que todos podem fazer tudo, basta acreditar e apoiar.

Resenha do 3° Capitulo do livro "Pedagogia da Autonomia" - Paulo Freire

              Em “Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade” Freire, leva em consideração a formação do educador. Como futuros pedagogos, devemos ter em mente que sempre devemos buscar inovações, estudar, enriquecer-nos de novos conhecimentos, aprimorar o conteúdo já estudado.
            Quando o educador não se qualifica, não procura aprimorar seus conhecimentos, ele perde o respeito do qual merece. Pude perceber isso quando estava na 6° série, minha professora de português havia assumido a coordenação vespertina da escola, surgindo uma vaga para uma nova professora, pois bem, contrataram uma nova professora, suas aulas eram muito bagunçadas, ela explicava várias vezes o mesmo conteúdo, sempre da mesma maneira, nunca mudava, não procurava explorar o conteúdo ou mudar seu método, meus colegas e eu percebíamos como ela não se preocupava em procurar novos métodos, não estudava outras fontes para aprimorar o conteúdo que estava nos ensinando. Os alunos vendo aquela situação faziam de suas aulas, uma verdadeira festa, conversavam, jogavam carteado, falavam ao celular, saiam o tempo todo da sala de aula, o pouco respeito que tínhamos por aquela desconhecida foi se perdendo pouco a pouco.

O professor que não leva a sério sua formação, que não estuda, que não se esforce para estar  à altura de sua tarefa não têm força moral para coordenar as atividades de sua classe. [...] O que quero dizer é que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor. (FREIRE, 2007. p. 92)
            Quando o professor pesquisa além do necessário instiga o educando a pesquisar também, vemos os resultados deste esforço e dedicação no final de cada bimestre, o aluno aprende mais, melhora o rendimento escolar e enriquece o seu conhecimento. Assim o professor recebe o carinho e respeito dos educandos e de toda a sociedade.
            Freire mostra como é importante o educador ser comprometido com o que faz. É necessário que o educador tenha postura naquilo que faz e decide, um dos seus compromissos mais importantes, é ensinar e não simplesmente dar o conhecimento de bandeja ao educando, aliás o educador tem o compromisso de pesquisar e ensinar e o aluno de pesquisar e aprender. O educador teve ter consciência de que não deve chegar até o aluno com as respostas e sim, instigá-lo a descobrir, pesquisar e aprender por várias vezes por si só, assim estará mostrando ao educando que tem capacidade.
            A educação pode mudar o caminho e a vida de uma sociedade, às vezes vemos e até ouvimos “como aquele menino é mal educado, certamente deve ser esta a educação que recebe em casa.”, realmente a educação é tudo, a criança recebe ensinamentos de comportamento e formação intelectual de seu ambiente familiar, e a escola vem ser o seu complemento. O educador tem de agir por meios coerentes, lutar por uma boa educação, pela qualidade do ensino, pelas condições de ensino, usar sua autoridade e cargo com ética, moral e dignidade e jamais extrapolar a confiança que em si é depositada.
            Freire usa os pais e filhos como exemplo para explicar sobre a liberdade e autoridade, “[...] nem sempre a liberdade do adolescente faz a melhor decisão com relação ao seu amanhã”, diz Freire, e realmente é verdade, é claro que os pais devem estar presentes nas decisões dos filhos, mas é importante que os pais deixem que os filhos tomem as decisões mesmo não sendo as corretas, pois é errando que se aprende, imagine se somente os pais decidissem tudo para o filho, no dia em que o mesmo precisasse decidir algo muito importante, não saberia decidir, pois não saberia como, Freire nos explica que é somente decidindo que se aprende a decidir.
            Os filhos devem criar sua autonomia sozinhos, assim como o educando, mas é claro, com interferência dos pais e educadores quando necessário. Em meio escolar, o educador deve desafiar os educandos, passando confiabilidade, mostrando que acredita que são capazes e que sozinhos poderão construir maravilhosos projetos, podendo surpreender e se surpreender.
            Freire por várias vezes em seu livro, nos mostra como é importante a afetividade entre educador e educando, não é possível construir um ensino sem alegria, capacidade e competência. Um dos últimos e em minha opinião, o mais importante ponto encontrado neste livro, é que não há importância na faixa etária que o educador trabalhe, mas sim importa a dedicação e carinho pelo trabalho que assume e faz, quando se trabalha com aquilo que se gosta, o trabalho torna-se produtivo e prazeroso, fazer da sala de aula, um ringue, onde de lá saem verdadeiros lutadores e vencedores.

Breve história da Psicologia

            Período Cosmológico é o período onde os homens estudavam os cosmos, já o período Antropocêntrico é o período onde o homem é o centro do universo, é o estudo do homem e da razão.
            Os filósofos clássicos preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo, são eles: Sócrates, Platão e Aristóteles.
            A Igreja Católica no período teocêntrico, ou seja, na Idade Média monopolizava todos os setores da sociedade: poder político, econômico e do conhecimento.
            Eram discutidos temas como religiosos ligados a Deus, o centro do universo, eles buscavam a perfeição que seria a busca de Deus.
            Os filósofos que se destacaram nesta época foram: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. A Psicologia era relacionada ao pensamento religioso.
            No renascimento, ocorre uma transação para o capitalismo emergindo uma nova forma de organização econômica e social, ocorrendo um processo da valorização do homem. As transformações ocorrem em todos os setores da produção humana contribuindo assim para o desenvolvimento da psicologia, por exemplo, em 1300, Dante escreve a “Divina Comédia”, 1610, Galileu realiza as primeiras experiências da física moderna, propiciando o estabelecimento de regras básicas para se construir o conhecimento cientifico.
            Em 1596-1659, René Descartes, postura a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, concluindo, o homem é separado em substancia material (corpo)  e substancia pensante (cabeça), este estudo influencia e expande o avanço do corpo humano morto, ou seja, da anatomia e fisiologia.
            Willhelm Wunst (1832-1926) cria na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o primeiro laboratório, teve a importância para realizar experimentos na área de Psicofisiologia, por esse fato e por sua extensa produção teórica na área, ele é considerado o pai da Psicologia moderna ou cientifica.
            Willian James (1842-1910) criou o Funcionalismo, tem como centro de suas preocupações a consciência e a busca da compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio.
            Edward Titchener (1867-1927) criou o Estruturalismo, com preocupação com a compreensão do mesmo fenômeno que o funcionalismo: a consciência.
            Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, “behavior” significa “comportamento”.
            O comportamento tem sido definido como o conjunto das reações ou respostas que  um organismo apresenta às estimulações do ambiente.
            Todo o organismo está continuamente recebendo estimulações do ambiente e reagindo a elas. Por isso é que os cientistas afirmam que o organismo vive em constante processo de interação com seu ambiente. As relações que mantemos com o mundo que nos rodeia são de dar-e-receber. Recebemos inúmeras estimulações e damos respostas a elas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. Ana Mercês Bahia Bock, Odair furtado, Maria de Lourdes Trassi Teixeira. 13. ed. São Paulo. Saraiva. 2002.


BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos psicologia geral. São Paulo. Ática. 1999.

Refletindo sobre a função social da Escola

                A função social da escola é um dos temas freqüentes em debate sobre educação, pelo fato de estarmos em uma era cheia de transformações, em todos os aspectos, e a escola por ter um papel de grande importância na sociedade, a partir do momento em que as transformações acontecem, ela passa a ser o um grande alvo de exigências da sociedade, pois é ela que atribui a educação necessária para que o jovem saiba o que fazer e como fazer.
           
1.     Muda o tempo...muda a escola?

            Em Penin & Vieira, 2001, p. 17, a escola representa instituição que a humanidade criou para socializar o saber sistematizado, a escola tem um papel importante na sociedade tanto que ao longo do tempo ela vem se transformando e adequando-se conforme as constantes mudanças que o homem provoca, mas vale lembrar que a escola por muitas vezes não consegue acompanhar as mudanças conforme o ritmo que elas acontecem, principalmente a escola pública.
            Com a criação das universidades, na idade Média, é que o ensino passou a ter uma organização especifica, mas ela atingia apenas uma minoria da população, mas com a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos o ideal de uma escola para todos passa-se a ser perseguido, o que vemos em pleno século XXI ainda não ser a realidade para uma boa parcela da sociedade mundial.
            Ao longo desse processo de expansão da escolaridade em nosso país, problemas surgiram, nos anos 50, educadores denunciavam que o crescimento de ofertas escolar fez com que a qualidade de ensino tivesse uma queda. Vemos isso ainda hoje na nossa sociedade, o ensino de qualidade ainda é um sonho a ser perseguido, pois não são todas as escolas que conseguem dar o ensino que deveria ser dado, vejo que a vontade é enorme, mas os recursos oferecidos são precários, isso quando são oferecidos.

2.     Mudanças legais – uma nova agenda para a escola

            O direito de todos à educação está estabelecido na Constituição de 1988 e na LDB, sendo um dever do Estado e da família promovê-la, sua finalidade é o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho (Constituição, art. 205, e LDB, art. 2°), a missão da escola é promover o pleno desenvolvimento do educando, preparando-o para a cidadania e qualificando-o para o trabalho, se a escola não fizer o mínimo para que isso aconteça a sociedade se tornará um caos, pois vivemos em um mundo competitivo, onde as pessoas a cada dia que passa se capacitam para uma vaga no mercado do trabalho, em um linguajar mais popular, se você não se qualificar tem 100 pessoas cobiçando sua vaga.
            A LDB de 1996 é a primeira de várias leis educacionais a estabelecer “regras” para os estabelecimentos de ensino, onde é claro, cada unidade poderá e deverá ter sua forma de organização conforme localização, clientela e outros aspectos, mas devendo respeitar as seguintes incumbências:
             I.      elaborar e executar sua proposta pedagógica;
          II.      administrar seu pessoal e recursos matérias e financeiros;
       III.      assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
       IV.      velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
          V.      prover meios para a recuperação de alunos de menor rendimento;
       VI.      articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;
    VII.      informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica (LDB, art. 12).

3.     Modos de produção e escola – uma sintonia nem sempre existe

            A história da humanidade pode ser divida em três grandes momentos.
O primeiro tem como característica o trabalho humano e a agricultura, onde os homens trabalhavam sobre a terra e sob a lógica da natureza, o indicador de riqueza e poder era a posse de grande quantidade de terras.
O segundo momento é o inicio da Revolução Industrial, dia e noite são vistos como tempo igualmente de trabalho, o capital, invertido e gerado pelo lucro proveniente da mais valia obtida pela compra do trabalho dos operários. O trabalhador gastava a maioria do seu tempo qualificando-se devido as constantes transformações.
O terceiro momento inicia-se na segunda metade do século XX, com mudanças profundas na tecnologia e nos meios de comunicação, o mercado exige competências renovadas e reciclagem contínua dos conhecimentos.
Vemos que a agricultura e indústria continuam a existir, onde uma não elimina a outra, apenas influenciam-se.
O computador, a internet já é um fato constante na sociedade, ainda que em muitos lugares essas ferramentas não estejam disponíveis, os profissionais da educação não devem deixar de se especializar, a sociedade necessita de uma nova escola, uma nova maneira de ensinar e aprender, pois não será cobrado do jovem apenas diploma ou um simples domínio de algumas tecnologias, mas sim a excelência delas.

4. Escola e sociedade do conhecimento – (re)significando o aprender

            A maneira como os homens partilham o conhecimento, criando outros, é facilitada pela sua rápida divulgação pelos meios de comunicação e pela tecnologia da informática.
            Entendendo o conhecimento como um valor especial hoje, a maioria dos pais procura propiciá-lo de todas as formas a seus filhos, não em bens materiais, mas em uma boa formação num processo de educação permanente.
            Em relação às pessoas o conhecimento traz duas conseqüências para a escola brasileira, a primeira delas é o reforço de sua importância social, Manuel Castells, tem observado que a globalização marginaliza povos e países que têm sido excluídos das redes de informação, a segunda é a necessidade de a escola repensar profundamente sua organização, sua gestão, sua maneira de definir os tempos, os espaços, os meios e as formas de ensinar, ou seja, “jeito de fazer escola”.
            A Unesco institui a Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, que veio produzir um relatório no qual a educação é concebida a partir de princípios que constituem os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, ou seja, domínio dos próprios instrumentos de conhecimento, aprender a aprender; aprender a fazer, ou seja, aquisição de uma qualificação profissional; aprender a conviver, ou seja, participar de projetos em comum; aprender a ser, aprender a elaborar pensamentos autônomos e críticos, formular seus próprios juízos de valor.
            As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, divididas em três documentos, ensino infantil, ensino fundamental, e ensino médio,, norteiam os currículos e conteúdos mínimos a serem propostos em todas as escolas, de modo a garantir uma formação básica comum a todos os brasileiros.

5. Escola, democracia e cidadania – uma articulação necessária.

            A democracia requer contribuição da escola, a educação é destacada como tendo um papel primordial na promoção da paz, no respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais em geral. A democracia já foi definida como um conjunto de procedimentos para conviver racionalmente, se expressa como valor e como processo, ou seja, de um lado afirma idéias, intenções e desejos e do outro, requer manifestações que a concretize.
A escola constitui-se em espaço por excelência do exercício da democracia como valor e processo. A escola é a instituição onde se inicia e se promove a socialização, pois as regras de convivência social, por exemplo, são exercitadas cotidianamente na escola.


6. A escola descobre a comunidade... ou vice-versa?

Cada escola possui uma história própria e um modo de existir na comunidade, ela pode ser uma conquista da comunidade, para que seus filhos tivessem um espaço de ensino, ou outros casos.
A escola pode ser uma grande desconhecida para os pais, mas vale lembrar que às vezes não é porque a escola não se relaciona ou esconde algo doas pais, e sim pelo fato dos pais não se interessarem o suficiente pela vida escolar de seus filhos. A convivência entre escola e comunidade requer boa vontade e interesse das partes envolvidas.
Quando ocorre o interesse em ambas as partes a escola é revalorizada pela comunidade. Quando as duas se unem, tornan-se uma só.


7. Escola e cultura – uma expressão singular e plural

            Cultura é entendida de muitas maneiras, mas a definição que nos importa no momento é de que a cultura diz respeito a todo modo de vida de uma sociedade, como os grupos sociais produzem sua própria existência a partir das influências que recebem.
             Na maioria das escolas, hoje, são previstos momentos coletivos de estudo e de trabalho, como planejamentos, avaliações, etc.
            Algumas escolas têm identidade bem definida, diferenciando-se de outras, sem partilhas não se cria uma cultura escolar positiva, no máximo conta-se a história de um diretor dedicado, mas que não conseguiu formar uma equipe.
            É importante lembrar que uma cultura escolar nunca é perene. Uma vez criada, há que conserve, mas se for necessário modifica-la que seja conscientemente.

Resenha do Filme: O Menino Selvagem"

           
            O filme “O Menino Selvagem” – L’ Enfant Suavage­ de François Truffaut é baseado em um fato verídico que relata a história de um menino entre onze ou doze anos aparentemente surdo e mudo que fora encontrado em uma floresta nas proximidades do distrito de Aveyron na França, pensa-se que fora abandonado pela família entre quatro ou cinco anos e não apresentava nenhum tipo de comportamento humano.
            Após a noticia do encontro do menino, muitos psicanalistas, sociólogos e estudiosos ficaram curiosos e o mesmo foi levado para Paris onde seriam feito os estudos sobre o caso do menino, é interessante o modo em que mostra no filme, como era feito o diagnostico da criança, pegaram-no e colocaram sobre uma mesa e o analisaram: “ tem a pele branca e fina, rosto redondo, olhos negros e fundos, cabelos castanhos e nariz comprido”, diziam Pinel e Jean Itard.
            Inicialmente o menino foi levado para uma escola de surdos e mudos, mas como ele não falava não conseguia se comunicar coma s outras crianças nem mesmo com os adultos, foi aí então que o médico Jean Itard decidiu que iria levar o menino para sua casa e com a ajuda de sua governanta Guérin, iria educar e inserir o menino na sociedade. Começava então uma incessante e cansativa jornada para ensinar ao menino o que deveria ter aprendido enquanto era criança, pois quando pequeno a criança tem uma probabilidade maior de aproveitamento e aprendizagem naquilo que lhe é imposto.
            A cada dia que passava Dr. Itard ensinava uma coisa nova para Victor, nome escolhido pelo Dr. Itard e sua Governanta Guérin, pois o menino mostrava-se sensível ao som “ô”. Victor, antes andava como um quadrúpede, não mostrava sensibilidade ao frio nem ao calor, não chorava, não sorria, mas ao passar do tempo o mesmo começou a andar em pé (usando somente as pernas), criou sensibilidade ao calor e frio, gostava quando fazia coisas bem, envergonhava-se com seus erros e arrependia-se de suas irritações, e assim foram todos os dias, ensinavam-lhe palavras, cores, números, a pedir comida, a ajudar nas pequenas tarefas, a vestir-se e etc.
            Por muitas vezes, o menino tinha crises compulsivas, ataques de fúria por ter de estudar dia e noite. Importante salientar que no século XIX dominava a idéia de que uma criança nasce naturalmente preparada para a vida e já no caso de Victor, pelo fato de ter sido abandonado e ter vivido uma boa parte de sua vida em meio selvagem, todo o seu desenvolvimento foi lento e trabalhoso, devido à sua fraca sensibilidade do sistema auditivo, a sua educação ficou incompleta.
            Um dia Vitor, fugiu de casa, de repente para ver se conseguiria voltar a viver na selva depois de tudo o que lhe fora ensinado, mas acabou por voltar para a casa de Dr. Itard, quando lhe é imposto uma maneira de viver diferente da sua, dificilmente uma pessoa consegue voltar a viver da mesma forma que vivia.
            Sem a aprendizagem cultual o cérebro não se desenvolve de forma a que o individuo consiga chegar a adquirir a capacidade de pensar, de falar e de sentir sentimentos humanos, pois o desenvolvimento da criança depende da influencia de um conjunto de grupos e instituições sociais que possibilitará a sua socialização, ou seja, seu desenvolvimento será de acordo com os padrões culturais da sociedade em que ele se encontrar inserido.
            Há dois grupos em minha opinião que contribui para a socialização de uma criança: a Família e a Escola.
            A Família é o primeiro grupo que a criança tem seu primeiro contato. Ela fornece modelos de comportamento, protege a criança, ensina-lhe padrões e normas de convivência e contribui para criação da estabilidade física e psíquica da criança. Já a Escola, dá à criança a possibilidade de desenvolver uma inserção em outros grupos mais vastos do que a família, ensina à criança a importância dessa inserção, os motivos que levam a sociedade depender uma da outra, o porquê da busca incessante de novos modelos, novas competências para o mundo competitivo em que vivemos, e principalmente, prepara essa criança para esse mundo.
            O filme ajuda-nos a compreender que assim como Victor, as deficiências intelectuais e sociais não são inatas, mas tem suas origens na ausência da socialização. A criança não nasce pronta como se dizia no século XIX, todo ser humano seja ele deficiente ou não, depende da convivência com seus semelhantes para desenvolver habilidades para viver na sociedade que lhe é inserido.


Conclusão:

A sociedade em que vivemos atualmente isola pessoas com qualquer tipo de deficiência, infelizmente há muito preconceito e isso não é de tempos atuais, prova disso é o filme de origem francesa “O Menino Selvagem” de François Truffaut, que relata a história de um menino que é encontrado em uma floresta nas proximidades do distrito de Aveyron na França, aparentemente surdo e mudo, mas com ao passar do tempo descobre-se que o menino possui uma deficiência mental, na época relatado como idiota.
Começa então uma bateria de exercícios para verificar habilidades e limitações de Victor.
Jean Itard nos prova que não devemos isolar pessoas diferentes de nós, mas sim devemos nos aproximar e fazer valer a idéia de inclusão, reconhecer diferenças como semelhanças. O que nos torna reconhecidamente humanos depende muito mais do que a nossa herança genética e biológica, é fundamental que vivamos em meio social, pois é este meio que fará a diferença. Um deficiente como qualquer outra pessoa é capaz de aprender e conviver com outras pessoas diferentes de si, basta inserir essa pessoa em um grupo social e mostrar a ela como as coisas funcionam.

Educar para o comportamento Ético - Jorge Thums

O tema ética vem sendo constantemente apresentado sob óticas diferentes, demonstrando a sua importância para o período histórico em que vivemos.
            O mundo das informações, dos meios de Comunicação de Massa (MCM) descortinaram personagens e mitos, apresentando questões antes nunca conhecidas, vistas, observadas.

1.1  Verdades e Mentiras

O ser humano vive em constantes atritos e desentendimentos de toda a ordem. Em quase todos os momentos da vida, a mentira não é boa. Porem, em certas circunstâncias, ela não é má. Certamente. O limite entre o certo e o errado, entre o bem e o mal envolve realidades bem maiores do que um mero juízo moral de forma a priori.
            A vida humana, com certeza, é resultado dos sentidos impressos nela, ou seja, é fruto daquilo que desejamos daquilo que tornamos imprescindível para viver. É verdade, também, que, em muitas circunstâncias, temos reais dúvidas sobre nossos reais desejos.
            É verdade que cada um de nós pode inventar ou escolher como decide viver, a forma de viver e esta decisão implicam a liberdade de viver. Quando nascemos, a ficamos rodeados de pessoas que tentarão, de todas as formas, inculcar-nos certos padrões, certos conceitos (e conceitos certos), determinadas fidelidades e não outras, determinados desejos, atrações, verdades, mentiras e toda a forma de dissipação dos valores da cultura. Isto tem um peso enorme nosso modo de viver, tornando-nos bastante previsíveis.
            Neste sentido a educação em geral e a educação para o comportamento ético são previsíveis, são comportamentos esperados. Os comportamentos não esperados ou desejados são aqueles que nos afrontam nos inquietam e desafiam o viver social, comunitário.
            A vida humana se constitui de múltiplos processos, porem o de aprendizagem é o mais importante.

1.2       A ética e a educação

            A educação, objetivo de tantas críticas (algumas com sentido e com importância e outras sem sentido e sem importância) deve possuir um conteúdo, uma substância (como deve ser apresentada e dominada, usada ou transmitida, envolve três dimensões fundamentais: a preocupação com o domínio da verdade (e seu avesso: a mentira, o falso), com o domínio do Belo (e sua ausência: a feiúra) e com o domínio da moralidade (bem, mal) GARDNER (1999, p. 114-15).
            O domínio do verdadeiro, do belo e do bom é a essência de uma educação que deveria ocorrer para todos os seres humanos. Talvez, assim, humanidade entre os homens seria bem maior, com menos evidencias de comportamentos bestiais.
      O papel social da família, dos educadores (com sua formação ética e moral, com suas atitudes frente à vida, ao mundo, à comunidade), dos MCM e das próprias instituições deve envolver os princípios da verdade, da bondade e da beleza.
            GARDNER (1999, p. 46-67) apresenta seis forças que irão recriar os processos de educação e formação nas escolas no próximo século:
·         Os avanços tecnológicos e científicos;
·         As novas tendências políticas;
·         As forças econômicas;
·         As tendências sociais, culturais e pessoais;
·         A cambiante cartografia do conhecimento e
·         Para alem da pós-modernidade – um “porre” pós-moderno.

Essa análise nos remete para uma educação em que o professor, como sempre, em toda a história da educação, será o grande responsável pela educação das gerações mais novas, algumas evidências nos remetem a múltiplos processos de reflexão:
·         Uma educação baseada no computador (ampliando processos de individualização, de realidades virtuais e mudanças rápida em suas carreiras necessitando de constantes adaptações);
·         O fim do sistema comunista e socialista com seus respectivos preços, voltados unicamente para uma educação da democracia, do meio ambiente, da cidadania;
·         O processo de globalização é inevitável e apresenta múltiplas ramificações;
·         Os MCM acabam, mesmo involuntariamente, tornando-se agências da educação mundial. É preciso resgatar o compromisso da informação;
·         É preciso aprender a vida toda, melhorar o conhecimento, as aptidões, as virtudes e os desejos.
·         A propagação do verdadeiro conhecimento, do que se conhece, do que se pensa e do que se vive para formar uma comunidade humana de entendimento.

Sobreviverão os mais preparados, os mais adequados e contextualizados na realidade da vida e do mundo.
A ética na educação necessita ser resgatada em todos os sentidos já que é efetivamente a reflexão sobre porque consideramos as normas e comportamentos válidos em nossa cultura e, ao mesmo tempo compará-las com outras éticas de outras pessoas.
Ética e educação envolvem necessariamente o respeito pela condição humana, existencial do outro, apesar das diferenças. Uma comunidade humana é aquela onde o respeito, a admiração e o compromisso com o outro são a essência do viver.

1.3       Ética e liberdade

            Não somos livres para escolher o que nos acontece, mas livres para responder ao que nos acontece de um ou do outro.
            Sermos livres para tentar algo não significa consegui-lo infalivelmente. A liberdade (consiste em escolher dentro do possível) não é o mesmo que onipotência... por isso, quanto maior for nossa capacidade de ação, melhores resultados poderemos obter de nossa liberdade (SAVATER, 1999, p.28-29).
            Liberdade é decidir. Decidir em razão oposta ao sentimento de deixar-nos levar.
            O que é moral? É o conjunto de comportamentos e normas que são aceitos como válidos por mim e por algumas pessoas que nos cercam e cujos comportamentos consideramos certos.
            O que é ética? É a reflexão sobre os motivos pelos quais consideramos aqueles comportamentos e a sua correspondente comparação com outras posturas morais de outras pessoas.
            As pessoas na sua ausência são humanidade, bondade, amor, paixão, loucura, ódio, raiva, rancor, mas não são objetos. As coisas, podemos conhecer mais facilmente porque não são nada além daquilo que se apresentam. Como não somos simples coisas, necessitamos de coisas que as coisas não têm (SAVATER, 1998, p.88).

1.4        Humanos ou imbecis?

O ser humano é uma confirmação constante! Ser natural e ser verdadeiro consiste num fazer-se permanentemente. Temos a obrigação de fugir da imbecilidade. Ser imbecil nos caracteriza como dependentes, como miseráveis. Assim Savater (1999 p. 97-98) descreve cinco tipos de imbecis:
·         O que acredita que não quer nada;
·         O que acredita que quer tudo;
·         O que não sabe o que quer e nem se dá ao trabalho de averiguar;
·         O que não sabe que quer e sabe o que quer e, mais ou menos, sabe por que quer, mas que frouxamente, com medo ou com pouca força;
·         O que quer com força e ferocidade, de maneira bárbara, mas enganou-se sobre o que é a realidade.

1.5       O que é ser responsável?

            Ser responsável é sempre estar disposto a assumir um ato praticado (de preferência conscientemente) e dizer: fui eu!
      A liberdade é uma ação cooperada em que o sujeito vislumbra sua condição interna e externa da existência real.
      Materializamos a nossa condição humana no momento em que não somos capazes de repartir nossa forma de viver com os outros. Nossa condição humana não é exclusivamente boa, mas também não é má. Queremos sempre o bom, o que é belo e o que é verdadeiro, mas, às vezes, creio que não sabemos o que queremos!

A Autonomia como Finalidade da Educação: Implicações da Teoria de Piaget (Constance Kamii)

            Piaget em “O julgamento Moral da Criança”,, publicado em 1932, discorreu sobre a importância da moralidade autônoma. Autonomia significa ser governado por si próprio. E o contrário de heteronomia, que significa ser governado por outrem.
Piaget em suas pesquisas, perguntava as crianças de 6 a 14 anos se era pior dizer mentira a um adulto ou a outra criança. As crianças pequenas sistematicamente afirmavam que era pior dizer mentira a um adulto.
Para as pessoas autônomas, as mentiras são ruins, independente do fato das pessoas serem descobertas ou não.
Em condições ideais a criança torna-se progressivamente mais autônoma à medida que cresce e, ao tornar-se mais autônoma, torna-se menos heterônoma. Ou seja, na medida em que a criança torna-se apta a governar-se, ela e menos governada por outras pessoas.
A criança que percebe que o adulto não pode acreditar nela, pode ser motivada a pensar sobre o que dever fazer para ser acreditada. A criaa educada com muitas oportunidades semelhantes a esta pode eventualmente, construir para si própria a convicção de que e melhor para todos serem honestos com os outros.
A punição acarreta três tipos de consequências. A mais comum e o calculo de riscos. A criança que for punida repetira o mesmo ato, mas, na pr6xima vez, tentara evitar ser descoberta. Os próprios adultos dizem às vezes: -'Não me deixe apanhar você fazendo isso outra vez!
A segunda conseqüência possível da punição e a conformidade cega.
Quando se tornam completamente conformistas, as crianças não precisam mais tomar decisões, tudo o que devem fazer e obedecer.
A terceira conseqüência possível e a revolta. Algumas crianças comportam-se muito bem durante anos, mas decidem num determinado momento, que estão cansadas de satisfazer a seus pais e professores todo o tempo e que chegou a hora de começar a viver por si próprios.
Assim a puniçã0o reforça a heteronomia das crianças e impede que elas desenvolvam sua autonomia.
Os adultos exercem poder sobre as crianças usando recompensas e castigos, e são precisamente essas sanções que mantém as crianças obedientes e hetenomas.
Se quisermos que as crianças desenvolvam a autonomia moral, devemos reduzir nosso poder adulto, abstendo-nos de usar recompensas e castigos e encorajando-as a construir por si, mesmas seus próprios valores morais.
A essência da autonomia e que as crianças tornem-se aptas a tomar decisões por si mesmas. Mas autonomia não e a mesma coisa que a liberdade completa. A autonomia significa levar em consideração os fatores relevantes para decidir agir da melhor forma para todos. Não pode haver moralidade quando se considera apenas o próprio ponto de vista.
            Sempre que possível, deve-se dar a criança a possibilidade de decidir quando ela poderá se comportar bastante bem para voltar ao grupo.
            Quando as crianças não têm medo de ser punidas, elas se manifestam espontaneamente e fazem a reparação.
            Na visão tradicional, acredita-se que a criança adquira os valores morais internalizando-os a partir do meio ambiente.
            De acordo com Piaget, as crianças adquirem valores morais não por interior, em vez de internalizá-Io ou absorve-Ios de fora, mas por construí-Ios interiormente, através da interação com o meio ambiente. No âmbito intelectual, autonomia também significa autogoverno assim como heteronomia e ser governado por outrem.
            Em contra partida, uma pessoa heterônoma, acredita sem questionamentos em tudo que Ihe dizem, inclusive em conclusões ilógicas, em slogans e em propaganda.
            De acordo com Piaget, a criança adquire o conhecimento ao construí-Ios a partir de seu interior, em vez de internalizá-lo diretamente de seu meio ambiente.
            Um modo mais precise discutir o construtivismo e o de dizer que as crianças constroem o conhecimento criando e coordenando relações. Infelizmente, na escola, os estudantes são levados a recitar respostas "certas", e raramente são perguntados sobre o que pensam sinceramente.
            Hoje em dia, os educadores da educação pré - primaria frequentemente definem seus objetivos dizendo que as criaas devem aprender os chamados "conceitos", tais como os de números, letras, cores, formas geométricas, em cima, embaixo, entre, da esquerda para a direita, comprido, mais comprido, o mais comprido, primeiro, segundo e terceiro, etc.
            A habilidade de ler e escrever, fazer aritmética, ler mapas e tabelas e situar eventos históricos são exemplos do que aprendemos na escola e que foi útil a nossa adaptação ao meio ambiente. Se a autonomia e a finalidade da educação precisam ser feitas tentativas no sentido de aumentar a área de sopreposição entre os dois círculos.
            Em conclusão, a teoria de Piaget não implica apenas a invenção de um outro método para atingir as mesmas metas tradicionais. A autonomia como finalidade da educação implica uma nova conceituação de objetivos.
            A educação e uma profissão subdesenvolvida que agora esta em um nível semelhante ao estagio pre-copernicano na astronomia. Assim como os astrônomos, anteriores a Copérnico, fizeram muitas correções pequenas para predições especificas sobre a posição dos planetas e que não funcionaram, os educadores estão tentando resolver uma variedade de problemas como os baixos resultados em testes, a apatia, a vadiagem, os problemas com drogas e o vandalismo como se estes fossem problemas separados. A teoria da autonomia de Piaget sugere a necessidade de uma revolução copernicana na educação.
      A autonomia como finalidade de educação e, num certo sentido, uma nova idéia que revolucionara a educação.
            Em outro sentido, contudo, pode ser vista como um retorno a antigos valores e relações humanas.