quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Resenha do Filme: O Menino Selvagem"

           
            O filme “O Menino Selvagem” – L’ Enfant Suavage­ de François Truffaut é baseado em um fato verídico que relata a história de um menino entre onze ou doze anos aparentemente surdo e mudo que fora encontrado em uma floresta nas proximidades do distrito de Aveyron na França, pensa-se que fora abandonado pela família entre quatro ou cinco anos e não apresentava nenhum tipo de comportamento humano.
            Após a noticia do encontro do menino, muitos psicanalistas, sociólogos e estudiosos ficaram curiosos e o mesmo foi levado para Paris onde seriam feito os estudos sobre o caso do menino, é interessante o modo em que mostra no filme, como era feito o diagnostico da criança, pegaram-no e colocaram sobre uma mesa e o analisaram: “ tem a pele branca e fina, rosto redondo, olhos negros e fundos, cabelos castanhos e nariz comprido”, diziam Pinel e Jean Itard.
            Inicialmente o menino foi levado para uma escola de surdos e mudos, mas como ele não falava não conseguia se comunicar coma s outras crianças nem mesmo com os adultos, foi aí então que o médico Jean Itard decidiu que iria levar o menino para sua casa e com a ajuda de sua governanta Guérin, iria educar e inserir o menino na sociedade. Começava então uma incessante e cansativa jornada para ensinar ao menino o que deveria ter aprendido enquanto era criança, pois quando pequeno a criança tem uma probabilidade maior de aproveitamento e aprendizagem naquilo que lhe é imposto.
            A cada dia que passava Dr. Itard ensinava uma coisa nova para Victor, nome escolhido pelo Dr. Itard e sua Governanta Guérin, pois o menino mostrava-se sensível ao som “ô”. Victor, antes andava como um quadrúpede, não mostrava sensibilidade ao frio nem ao calor, não chorava, não sorria, mas ao passar do tempo o mesmo começou a andar em pé (usando somente as pernas), criou sensibilidade ao calor e frio, gostava quando fazia coisas bem, envergonhava-se com seus erros e arrependia-se de suas irritações, e assim foram todos os dias, ensinavam-lhe palavras, cores, números, a pedir comida, a ajudar nas pequenas tarefas, a vestir-se e etc.
            Por muitas vezes, o menino tinha crises compulsivas, ataques de fúria por ter de estudar dia e noite. Importante salientar que no século XIX dominava a idéia de que uma criança nasce naturalmente preparada para a vida e já no caso de Victor, pelo fato de ter sido abandonado e ter vivido uma boa parte de sua vida em meio selvagem, todo o seu desenvolvimento foi lento e trabalhoso, devido à sua fraca sensibilidade do sistema auditivo, a sua educação ficou incompleta.
            Um dia Vitor, fugiu de casa, de repente para ver se conseguiria voltar a viver na selva depois de tudo o que lhe fora ensinado, mas acabou por voltar para a casa de Dr. Itard, quando lhe é imposto uma maneira de viver diferente da sua, dificilmente uma pessoa consegue voltar a viver da mesma forma que vivia.
            Sem a aprendizagem cultual o cérebro não se desenvolve de forma a que o individuo consiga chegar a adquirir a capacidade de pensar, de falar e de sentir sentimentos humanos, pois o desenvolvimento da criança depende da influencia de um conjunto de grupos e instituições sociais que possibilitará a sua socialização, ou seja, seu desenvolvimento será de acordo com os padrões culturais da sociedade em que ele se encontrar inserido.
            Há dois grupos em minha opinião que contribui para a socialização de uma criança: a Família e a Escola.
            A Família é o primeiro grupo que a criança tem seu primeiro contato. Ela fornece modelos de comportamento, protege a criança, ensina-lhe padrões e normas de convivência e contribui para criação da estabilidade física e psíquica da criança. Já a Escola, dá à criança a possibilidade de desenvolver uma inserção em outros grupos mais vastos do que a família, ensina à criança a importância dessa inserção, os motivos que levam a sociedade depender uma da outra, o porquê da busca incessante de novos modelos, novas competências para o mundo competitivo em que vivemos, e principalmente, prepara essa criança para esse mundo.
            O filme ajuda-nos a compreender que assim como Victor, as deficiências intelectuais e sociais não são inatas, mas tem suas origens na ausência da socialização. A criança não nasce pronta como se dizia no século XIX, todo ser humano seja ele deficiente ou não, depende da convivência com seus semelhantes para desenvolver habilidades para viver na sociedade que lhe é inserido.


Conclusão:

A sociedade em que vivemos atualmente isola pessoas com qualquer tipo de deficiência, infelizmente há muito preconceito e isso não é de tempos atuais, prova disso é o filme de origem francesa “O Menino Selvagem” de François Truffaut, que relata a história de um menino que é encontrado em uma floresta nas proximidades do distrito de Aveyron na França, aparentemente surdo e mudo, mas com ao passar do tempo descobre-se que o menino possui uma deficiência mental, na época relatado como idiota.
Começa então uma bateria de exercícios para verificar habilidades e limitações de Victor.
Jean Itard nos prova que não devemos isolar pessoas diferentes de nós, mas sim devemos nos aproximar e fazer valer a idéia de inclusão, reconhecer diferenças como semelhanças. O que nos torna reconhecidamente humanos depende muito mais do que a nossa herança genética e biológica, é fundamental que vivamos em meio social, pois é este meio que fará a diferença. Um deficiente como qualquer outra pessoa é capaz de aprender e conviver com outras pessoas diferentes de si, basta inserir essa pessoa em um grupo social e mostrar a ela como as coisas funcionam.

Um comentário: